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quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O velório


Foi no velório
Eu odeio velório, mas tinha quer ir. Não me perdoaria se não fosse.
O cemitério estava cheio aquele dia.
E na capela onde estava o corpo dele havia muita gente.
Era uma pessoa muito querida, tinha muitos amigos.
Foram momentos de muita tristeza.

Mas... como sou muito observadora, embora bastante distraída,
(mil contrastes em mim), comecei a analisar tudo que se passava ali.
A começar por mim mesma.
Não me lembro se chorei, essa parte eu esqueci, mas acho que sim.
Na hora do enterro eu sei que sim, muito.
Como estava muito cheio lá dentro resolvi sair para tomar um ar no jardim.
Lindo cemitério, cinco estrelas.
Meu marido estava comigo, na época éramos ainda namorados.
Ele muito preocupado comigo, me cercando de todos os cuidados.
Sa bia que não estava sendo fácil para mim.
Mas apesar de todo o meu sofrimento senti que me alienava, me negava a participar de tudo aquilo.
Era tão absurdo na minha maneira de ver,,,
Então eu fazia de conta que não era comigo, que não doia tanto assim.
Foram tantos dias, e tão poucos, na expextativa, esperando acontecer, que de repente
passou a ser um alívio.
Ninguém merece sofrer.
Então eu poderia até comemorar.
Acho que era isso que outras pessoas ali deviam estar pensando também.
Eu fiquei um pouco na duvida se era um velório ou uma festa.
Gente hipócrita.
Tirando os que realmente estavam tristes, os outros encaravam tudo como uma coisa corriqueira.
Ah... era só mais um e daí?
A vida tem que seguir.
Um defunto geladinho, durinho, com um monte de algodões dentro do nariz que ja não prestava pra mais nada era algo bem corriqueiro mesmo.Coisa que a gente vê todo dia, toda hora.

Bom, então eu olhava as pessoas, homens, mulheres, crianças
Todos cheios de vida. Alguns sérios, outros tristes
E haviam aqueles também que se comportavam como se estivessem numa festa.
Riam, gargalhavam,contavam casos.
Afinal era só um defunto e não era nenhum deles o tal.
E a vida continua...Vamos comemorar!!

Dois deles me chamarm a atenção. Dois senhores muito distintos de seus 50 e poucos anos.
Estavam numa conversa animada. Riam muito, gargalhavam, cochichavam.
Bingo! Mulheres é claro.
Não deixavam de botar o olho em nenhuma que passava e fazer piadinhas, aquelas ridiculas piadinhas que os homens insistem em fazer quando não tem nenhuma criatividade.
Pareciam dois adolescentes doidos para pegar as menininhas, neninonas...e por aí vai.
Tão felizes e tão alheios ao sofrimento do próximo.

Ah... isso ficou na minha cabeça e não saiu mais.
Entra ano, sai ano e está aqui Óhhhhhhh!!
Vez por outra eu me lembro, geralmente quando quero me maltratar.
Abuso das péssimas lembranças.

Mas, que Deus me perdoe (se ele puder. Minha dívida está enorrrrrrrrrrrrme com ele) se eu estou pecando
Hoje olho esses dois senhores e penso que deveria ter pena deles, de vê-los como estão.
Mas acho que não tenho não...

regina ragazzi


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