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sexta-feira, 13 de maio de 2011

In Extremis - Olavo Bilac

Nunca morrer assim! Nunca morrer num dia
Assim! de um sol assim!
Tu, desgrenhada e fria,
Fria! postos nos meus os teus olhos molhados,
E apertando nos teus os meus dedos gelados ...


E um dia assim! de um sol assim! E assim a esfera
Toda azul, no esplendor do fim da primavera!
Asas, tontas de luz, cortando o firmamento!
Ninhos cantando! Em flor a terra toda!O vento
Despencando os rosais, sacudindo o arvoredo ...


E, aqui dentro, o silêncio ... E este espanto! e este medo!
Nós dois ...e, entre nós dois, implacável e forte,
A arredar-me de ti, cada vez mais, a morte ...


Eu, com o frio a crescer no coração, - tão cheio
De ti, até no horror do derradeiro anseio!
Tu, vendo retorcer-se amarguradamente,
A boca que beijava a tua boca ardente,
A boca que foi tua!


E eu morrendo! e eu morrendo
Vendo-te e vendo o sol, e vendo o céu, e vendo
Tão bela palpitar nos teus olhos, querida,
A delícia da vida! a delícia da vida!


Olavo Bilac




Eu amei esse poema. Amei!!

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