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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Canção - Cecília Meireles

Canção
No desequilíbrio dos mares,
as proas giram sozinhas...
Numa das naves que afundaram
é que certamente tu vinhas.

Eu te esperei todos os séculos
sem desespero e sem desgosto,
e morri de infinitas mortes
guardando sempre o mesmo rosto

Quando as ondas te carregaram
meu olhos, entre águas e areias,
cegaram como os das estátuas,
a tudo quanto existe alheias.

Minhas mãos pararam sobre o ar
e endureceram junto ao vento,
e perderam a cor que tinham
e a lembrança do movimento.

E o sorriso que eu te levava
desprendeu-se e caiu de mim:
e só talvez ele ainda viva
dentro destas águas sem fim.

Cecília Meireles

2 comentários:

  1. "e morri de infinitas mortes"...
    Quanta espera, quanta dor.
    Mas é preciso realmente prosseguir, prosseguir com o mesmo rosto.

    Abraços,

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  2. Hola guapa, hay que dejar fluir ese dolor que la poesía derrama.
    que tengas un bonito fin de semana.
    un abrazo.

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