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domingo, 4 de setembro de 2011

Mais uma de Casimiro de Abreu


Flores do Coração

A aurora assoma - e a terra doma
Co'extensa coma rubra cor;
Nesta hora maga suspira a vaga,
E a brisa afaga no ramo a flor.

Hora de encantos que só tem cantos,
Ternos quebrantos que amor produz,
Além serpeia a argêntea veia,
E a ave gorgeia saudando a luz.

Que primavera!... - ai! quem me dera
Qual doce hera que se une à flor,
Ver-me em teus braços, preso em teus laços,
E em teus regaços viver de -amor...

Foge a beleza, passa a nobreza,
Fica a pobreza se a parca vem!...
Vai com quem ama surgir além.

A aurora assoma e a terra doma
Co'a extensa coma  de rubra cor;
Nesta hora maga suspira a vaga,
E a brisa afaga no ramo a flor.

Vem, pois a donzela, que amor nos vela
E a brisa é bela e é manso o mar,
Nosso barquinho ali sozinho...
Parece um ninho que aguarda o par.

Casimiro de Abreu

sábado, 3 de setembro de 2011

Amo a singeleza dos poemas de Casimiro de Abreu


Três Cantos

Quando se brinca contente
Ao despontar da existência
Nos folguedos de inocência,
Nos delírios de criança;
A alma, que desabrocha
Alegre, cândida e pura -
Nessa contínua ventura
É toda um hino: - esperança!

Depois... na quadra ditosa,
Nos dias da juventude,
Quando o peito é um alaúde,
E que a fronte tem calor;
A alma que então se expande
Ardente, fogosa e bela -
Idolatrando a donzela
Soletra em trovas: - amor!

Mas quando a crença se esgota
Na taça dos desenganos,
E o lento correr dos anos
Envenena a mocidade;
Então a alma cansada
Dos belos sonhos despida,
Chorando a passada vida -
Só tem um canto: - saudade!

Casimiro de Abreu









terça-feira, 17 de maio de 2011

Sonhando - Casimiro de Abreu

Ultimamente tenho lido mais e escrito menos.. Minha inspiração não anda lá essas coisas.
Então estou  aproveitando para ler as obras de Casimiro de Abreu
Acabei de ganhar o livro de presente - Obra Completa - Que presentão!!!
A cada poesia que leio vou ficando mais encantada com esse Poeta que, confesso,
eu conhecia muito pouco.
Escolhi uma das que já li para colocar aqui.




Sonhando

Um dia, oh linda, embalada
Ao canto do gondoleiro,
Adormeceste inocente
No teu delírio primeiro,
- Por leito o berço das ondas,
Meu colo por travesseiro!


Eu, pensativo, cismava
Nalgum remoto desgosto,
Avivado na tristeza
Que a tarde tem, ao sol-posto,
E ora mirava as nuvens,
Ora fitava teu rosto.


Sonhavas então, querida,
E presa de vago anseio
Debaixo das roupas brancas
Senti bater o teu seio,
E meu nome num soluço
À flor dos lábios te veio!


Tremeste como a tulipa
Batida do vento frio...
Suspiraste como a folha
Da brisa ao doce cicio...
E abriste os olhos sorrindo
Às águas quietas do rio!


Depois - uma vez - sentados
Sob a copa do arvoredo,
Falei-te desse soluço
Que os lábios abriu-te a medo...
- Mas tu, fugindo, guardaste
Daquele sonho o segredo!...

Casimiro de Abreu